A presença Franciscana na Guiné Bissau remonta a 1657, integrada na epopeia marítima dos Descobrimentos. Teve uma interrupção de 100 anos com a extinção das Ordens Religiosas por parte do Marquês de Pombal. A acção missionária franciscana é retomada em 1932 na Guiné Bissau, e, é sobretudo a partir dessa data, que podemos ter um pouco de conhecimento sobre o trabalho meritório desta congregação religiosa naquele território, bem como de outras congregações. A título de informação pode-se dizer que, presentemente, na Guiné-Bissau, desenvolvem trabalho, a favor daquele povo, 23 congregações católicas. Em Bissau e em algumas outras cidades, também já se verifica a existência de trabalho missionário por parte de algumas igrejas evangélicas, embora em número muito mais reduzido. Pela experiência que colhemos, localmente, numa curta estadia de 10 dias, podemos afirmar que, presentemente, aquele povo dificilmente sobreviveria, senão existisse o trabalho apostólico destas instituições. A Ordem Franciscana exerce a sua acção na região de Bissau, onde tem 6 casas, em CANCHUNGO (antiga Vila Teixeira Pinto) e em CABOXANGUE.
Ao nível de Saúde, tem dois hospitais, em KUMURA e outro em KIMHAMEL (região de Bissau), sem comparação possível com os nossos hospitais, reúnem as condições primárias para poderem funcionar, ao contrário de muitos estatais, onde não há água, electricidade, nem material clínico e são também vários os centros nutricionais. Por exemplo, o hospital de Kumura, cujo director clínico era, em 2011, padre franciscano médico e que tivemos oportunidade de visitar, dedica-se especialmente a doenças tropicais e infecciosas (Tuberculose, Sida e Lepra) e já possui um laboratório de análises, serviços de radiologia e também uma secção de obstetrícia e pediatria. A pediatria é gerida por uma pediatra portuguesa que, após a sua aposentação, decidiu fazer voluntariado, na sua especialidade, na Guiné e por lá ficou a colaborar com a missão e a contribuir com a sua preciosa ajuda…..
Ao nível do ensino, os missionários franciscanos têm 3 liceus, várias escolas do ensino básico elementar e vários jardins de infância. Falemos agora mais concretamente de Canchungo e Cacheu, áreas respeitantes à casa da Missão sediada em Canchungo e que foram objecto da nossa visita e para as quais contribuímos. Na cidade de Canchungo (sem água nem electricidade, onde já não existe alcatrão nas ruas mas apenas buracos e pó e cujas casas, na sua grande maioria, são de cobertura de vime ou folha de zinco, sem portas nem janelas), a casa da missão, apesar de humilde, é das melhores da cidade, situada na principal avenida e abastece de água grande parte da população, graças a um furo aberto no quintal. Além disso é o lugar onde toda a gente vai bater à porta, em momentos de aflição e de grandes necessidades. Ao lado funciona a escola Antero de Sampaio, cujas instalações são aceitáveis e bem diferentes das casas de habitação da maior parte das crianças e das escolas estatais. Tem também um jardim de infância “Criança Esperança” que recebe crianças desde os três anos até à idade de entrarem na 1ª classe. Neste trabalho os padres franciscanos são coadjuvados por irmãs franciscanas brasileiras e algumas guineenses.
Ao nível da Saúde, desenvolvem-se em Canchungo os Centros Nutricionais que são casas ou lugares (nas Tabancas, ao ar livre, debaixo de uma arvora ou num casarão), onde são assistidas crianças desnutridas, desde a mais tenra idade (doentes ou não) e suas famílias (mães ou alguém que as substitui). É um trabalho primoroso, feito com grande pedagogia junto das progenitoras ou substitutas, que abrange, além da dádiva na educação para a higiene dos bebés, também na sua alimentação e respectiva confecção, vestuário e consiste ainda na prevenção e despiste de doenças e sua medicamentação. Uma grande parte destes bebés são órfãos, sendo a sida a principal causa,e alguns deles portadores de HIV. A Missão de Canchungo tem 10 centros nutricionais: 1 em Canchungo, outro em Cacheu e os restantes espalhados pelas Tabancas de difícil acesso, sendo as principais: BIANGA, MATA, BIANGAZINHO, CAPÓ, BACHIL, CHUROBRIQUE, BLEQUISSE, CABIENQUE, BIACHA, BARÁ, CHULAME, entre outras.
Escusado será dizer que, para além de todo este trabalho de promoção humana, há o trabalho evangelizador que abrange todos estes lugares, alguns deles bastante inóspitos, a que humanamente parece impossível chegar… Não há estradas…, apenas buracos.
Queremos ainda acrescentar que da população guineense 15% são cristãos, 35% muçulmanos e a restante animista. Saliente-se que entre cristãos e muçulmanos reina um clima de muita abertura e aceitação procurando os muçulmanos muita ajuda junto da igreja católica. Uma grande parte das crianças que assistimos são muçulmanas porque as famílias preferem as escolas da missão às estatais. O quadro que descrevemos de Chancungo repete-se por quase toda a Guiné. Bissau, apesar de um pouco melhor, é uma cidade muito fragmentada. Também em Bissau existem muitos bairros sem água e sem electricidade.
Muito mais haveria para dizer, mas do que vimos, isto é o principal e foram estas as razões que levaram o Grupo: BETANIA de oração do Renovamento Carismático Católico, em Faro, a pôr em prática uma linha de ajuda apadrinhando crianças que frequentam, quer o jardim de infância, quer a escola Antero de Sampaio, bem como os centros nutricionais que são autênticos S.O.S. de salvação de vidas.
Bem hajam todos aqueles que já aderiram a este movimento e também aos que venham a prontificar-se para prestarem a sua ajuda!